sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Tempo Passado* (teoria em versos)


Elisabeth Amorim

**

Beatriz Sarlo escreveu  com precisão
 “O passado é conflituoso”
A história e a memória
Às vezes na contramão
De um passado bem presente
Retratando cada visão.

Para o grande  Beneviste
Passado: construções
Ele escraviza ou liberta?
 Visões globais? Já que insiste...
O círculo fechado hermenêutico
Que unia a reconstituição dos fatos... abriste.

O princípio organizador
Esse tem grande influência
Sobre acontecimentos da história acadêmica.
Enquanto por muito tempo  se notou
Relatos das histórias das massas
Enquanto a história acadêmica ignorou.

A Guinada Subjetiva aconteceu
Finalmente os relatos foram reconhecidos
Narrativas orais, cartas, conselhos, orações...
Até o diário, um outro olhar recebeu
E novo sujeito na história
A autobiografia promoveu.



De olho no “ grupo da exclusão”
Cientistas sociais e historiadores
Queriam  um detalhe excepcional
Preocupados com a tal “legitimação”
Michel de Certeau  ao acompanhar operários de uma fábrica
Revelou as “tretas dos fracos” na arte  da invenção.

A história de vida cotidiana
Une-se com história da academia
Há uma renovação total
A história oral não se engana
O “eu” hoje é testemunho reconhecido
Capaz de levar  terroristas do Estado em “cana”.

O  recado já foi dado
Memória, SARLO disse:  "é campo conflituoso"
Lembrar ou esquecer os crimes nazistas?
Olhe criticamente para o passado
Ele nem sempre  é  libertador

O testemunho conserva a lembrança ou repara o machucado...
                                                

* Poema  a partir da leitura do ensaio de BEATRIZ SARLO,  Tempo Passado, retirado do livro  TEMPO PASSADO: CULTURA DA MEMÓRIA E GUINADA SUBJETIVA.  Editora Companhia das Letras, São Paulo. 

** Vítimas de Auschwitz 

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