segunda-feira, 31 de agosto de 2015

De repente...


Como se fosse para o meu bem
Um muro você construiu
Não ouviu ninguém
E em dois polos  se dividiu.
Entre as grades e um zíper
O seu mundo existiu.


Sem motivo qualquer
Um de lá outro de cá
Acredite se quiser
Jogou-me uma rosa sem pensar...
Minha boca amordaçada
A resposta ansiava dar.

Mas a rosa murchou
Sem abrigo no concreto
Insensível, nem notou
Pensando está sempre correto.
Enquanto erguia novas barreiras
Sentia cada vez mais perto.

Consciente,
Percebeu o abismo criado
Desesperado quebra cada corrente
Invade meu mundo transtornado
Queria acabar com a solidão
Nem notou que eu havia mudado.

Não encontrou a adolescente
Mas uma mulher determinada
A não carregar velhas sementes
No caminhar da sua jornada.
O tempo passou tão de repente...
- Aprendi quão bom é ser amada!


-Quem aqui entrou?
Por onde você fugiu?
Quem lhe conquistou?
Quem essa barreira desconstruiu?
Respostas  vagueiam na mente
Nem percebera que o zíper abriu...de repente.

                                                                                Beth Amorim




sábado, 29 de agosto de 2015

Crítica Cultural

*

Desculpe-me Foucault
Essa história de mudar a ordem do discurso
Tem gente que não gostou.
E a monotonia segue o curso...

E a tal de microfísica do poder
Como numa arbitrária gangorra
Poder de verdade, nem queira saber...
Prevalece um mate ou morra.

Nietzsche, acuda-me, por favor,
Até a minha vontade de potência
O vento levou...
Só recorrendo a gaia ciência.


Ainda tem Roland Barthes
Dizendo que literatura tem poder
Por isso que há literatura-arte
Na Bahia vai além do dendê.


Só mesmo com a invenção do cotidiano
Do famoso Michel de Certeau
Uso táticas e não me engano
Quem sabe consigo um platô?


Chega! Quero uma literatura anormal.
Que abrace  e abra porta
Deixe Harold Bloom com o seu cânone ocidental
E Edward Said dando a resposta.

E quando Derrida transmitir:
_Não quero significado transcendental!
 Abrace  Deleuze ou  Guattari
Mas não fuja da crítica cultural.

                                Elisabeth Amorim



 * Pere Borrell del Caso, Fugindo da crítica.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Cure o mundo do preconceito!


Cure o mundo do preconceito.
Cure o mundo, por favor!

Unindo as mãos brancas e pretas
Soltando a pomba da paz
Nem o lenço branco adiantou
Tremulando lá no topo
Se pensarmos na solução
É bem simples, irmão
Respeitar as diferenças
Como Jesus ensinou.

Cada qual segue o caminho
Seja o magro ou o gordo
Branquinho ou pretinho
Cure o mundo, por favor!
Chega de preconceito!
Isso não é direito
Não é certo querer impor.

Cure o mundo do preconceito
Cure o mundo, por favor!
Cure o mundo do preconceito
Cure o mundo, por favor!

Discriminar o cidadão
Porque não tem a mesma cultura
Por seguir  outra religião
Para construir um mundo perfeito
Não precisa  matar
Não precisa discriminar
O mundo é grande
Sempre há lugar
Para você e para mim
Se  você pode salvar!
Por que espalhar a dor?

Cure o mundo do preconceito.
Cure o mundo, por favor!
Cure o mundo do preconceito
Cure o mundo, por favor!

Veja as flores no jardim
Nenhuma é igual a outra
Convivem com as ervas daninhas
Espalham aroma  como jasmim
Sem expulsá-las  do  lar invadido
Mas o mundo está perdido
Cada qual grita mais alto
Precisamos promover a paz
Se destruirmos o nosso mundo
Pedaços não colam mais...
Tente espalhar o amor.

Cure o mundo do preconceito
Cure o mundo, por favor!
Cure o mundo do preconceito
Cure o mundo, por favor!


Enquanto você fica sentado
Temos que algo fazer
Se não o mundo vai para os ares
Sofre eu, sofre você
Olhe nos olhos do seu irmão
Sinta o seu caráter
Mas não julgue a  cor da pele, não
Pois o mundo está doente
Com a falta de solidariedade
Chega discriminação!

Cure o mundo do preconceito!
Cure o mundo, meu Senhor!
Cure o mundo do preconceito
Cure o mundo, por favor!

                                               E. Amorim

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segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Estereótipo duplo

*

Quem sou eu?
Sou negra
Chega de negra preta!
Meu cabelo?
Crespo, sim.
Não precisa ser duro e ruim.
Meu gênero?
Mulher.
Não sou negrinha assanhada.
Acredite se quiser.



Por que esses estereótipos?
Não quero ser julgada pela cor
Ousada?
 Admito, sou.
Pois  nesse mundo de discriminação
Onde o preconceito impera
Em um duplo da dor
É preciso muito ousadia
 Insistir  dizendo não.

E vivendo cada primavera.
                                                                                      Elisabeth Amorim   
                                                



*imagem do facebook "crianças negras são lindas"

sábado, 22 de agosto de 2015

Levante-se! (mensagem)


Há dias que o mundo parece não lhe notar. O seu coração chora.  Chove para combinar com o seu estado de espírito ou  disfarçar as suas lágrimas. Mas o seu mau-humor não mudará o rumo das coisas. Seja fiel aos seus princípios e levante-se!
Levante-se mesmo que no seu caminho tenha algumas  pedras. Drible-as, dê uma volta, ou simplesmente  use as maiores para  descansar.  Enquanto as menores não as deixe  em seu sapato.
Levante-se  mesmo que  encontre pessoas que insistem em enxergar atitudes suspeitas  em você. Não  desanime, cada um julga o outro pelos parâmetros morais que adotam.
Levante-se mesmo que a sua vontade seja de continuar deitado. A acomodação é prejudicial a saúde, insista em seus projetos, lembre-se de que ao dividi-los com alguém, você poderá ganhar um sim ou um não. No entanto, você nunca saberá a resposta se permanecer deitado.
Levante-se  porque você  é forte!
Levante-se porque há um mundo esperando a sua atitude!
Levante-se! Nem que seja para ouvir essa historia de superação...
“Um homem com câncer no rim fez uma cirurgia, retirou-o. E levantou-se!  Após alguns anos,  nova manifestação da doença no único rim restante. Nova intervenção cirúrgica, dessa vez parcial. Mais uma vez, o homem levantou-se!  E o diagnóstico apontava: Fazer hemodiálise!
Deitado, pós- cirurgia,  ele  estava sendo encaminhado para a primeira seção de hemodiálise. Sabe o que aconteceu?   O rim que estava 20h sem trabalhar,  acomodado,  resolveu reagir e... Levantou-se!”
E a vida segue... levantar , marchar, acreditar, lutar, sonhar são opções, escolhas que fazemos, porque há um Ser Supremo que rege  o universo, digno de toda honra e glória.  E ao pensar em ficar mais um pouquinho na sua zona de conforto,  refúgio da acomodação,  clame a Deus, veja a natureza como um presente de Deus para você, levante-se!
             
                                                                                 E.Amorim

*imagem do Poço Encantado, Chapada Diamantina - Bahia/Brasil

   


quinta-feira, 20 de agosto de 2015

As sereias tristes




Onde está o azul do mar?
Procuro os peixinhos
Que viviam a nadar.
Vejo muita poluição
O mundo precisa de carinho
Para livrar-se da destruição.


Onde está o azul do céu?
Procuro os passarinhos
Que viviam a voar.
Vejo tanta fumaça
O mundo precisa de carinho
Para livrar-se da vil ameaça.


Onde está o riso da  face?
Procuro a perdida alegria
Que a maquiagem não disfarce.
Vejo  tanta solidão...
O mundo precisa de carinho.
Para livrar-se da depressão.


Por que as sereias pararam de cantar?
Procuram  inspiração?
Revolto  e triste ficou o mar
Vejo rostos  sem emoção
O mundo precisa  entoar
 Uma nova e bela canção.
                    E. Amorim


·         Evelyn de Morgan, Las sirenas del mar.    (disponível na web)

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Quero

Quero te amar
Falar baixinho ao seu ouvido
Palavras para te alegrar
E que jamais perderão o sentido.


E quando mais tarde
A lua aparecer
Não serei uma miragem
Estarei aqui com você.

Quero tanto e tanto...
Que esse amor seja infinito
Substituindo o pranto
Pelo  sorriso bonito.

Quero minha felicidade de volta
Você roubou minha paz
Ainda se esconde atrás da porta
Fingindo-se não me querer mais.

Quero a sua decisão
Meias verdades, nem pensar
O segredo da união
É aprender o verbo doar.


Chega de ilusão!
Domine o seu medo de vez.
Se não queres,  coração...
O nosso amor, “era uma vez...”



terça-feira, 11 de agosto de 2015

Teu olhar


Teu olhar... Oh, teu olhar
Nada igual não há
Mil mensagens trocadas
Promessas negligenciadas
 Estão no teu olhar.


Teu olhar... Oh, teu olhar
Persiste em me encantar
Promete o mundo da fantasia
Onde  o mundo é percorrido em um dia...
No desejo do teu olhar.


Teu olhar... Oh, teu olhar,
Pretende a máscara negar?
 Quando a noite surgir
Dessa vez não vai mentir
Pensando que irá me enganar.

Teu olhar...Oh, teu olhar.


sábado, 8 de agosto de 2015

Nascimento de Iaçu (cordel)


Atenção pessoal
Dessa vez é pra valer
De IAÇU vou  recontar
O que estão careca de saber
Pra início de prosa
Parabéns, Iaçu! Amo você.
        II

Localização territorial
Piemonte do Paraguaçu
Um lugar sem igual
Chamado de IAÇU
Onde há uma literatura muito criativa
 Em rede de Norte a Sul
                  III
Como surgiu  essa cidade?
Responda logo, quero saber
Ela é filha de uma fazenda, é verdade?
“Sítio Novo” respondendo a você.
Que pertencia a Santa Terezinha
Até a bendita nascer.
               IV
Então IAÇU surgiu
Do grito da emancipação
Banhada pelo rio
Que ajuda a região
PARAGUAÇU é o seu nome
Uma grande atração.
                V
Vou contar do comecinho
Conforme o fato narrado
Se aumentar um pouquinho
 Não condene esse pecado
Desde a colonização
Esse local foi destacado.
                VI
Seu nome é de origem tupi-guarani
“Água em abundância” é a tradução
Terras herdadas da coroa portuguesa, aqui
O Estevão Baião Parente pôs a mão
Em 1882  com a chegada da Ferrovia
Começou a entoar uma nova canção.
                    VII
Chega gente de lá para cá
Candangues eram atração
Família Medrado era dona do lugar
Enquanto as terras dessa região
Cachoeira, Curralinho e Santa Terezinha
Já fizeram a administração.
       VIII

Questão agrária gera confusão
E a nova população do  “ Sítio Novo”
Ansiava pela libertação
E para alegria do povo
Em 14 de agosto de 1958
E povo sorriu de novo.
                     IX

É uma cidade  menina...
Mulher de Branco, Mulher da Trouxa, Serpente do Paraguaçu
Cadeirudo, Lobisomem,  Rasga-mortalha, a coruja assassina
E Nego D’água entre outras, são lendas de Iaçu.
O Pote e As Três Gameleiras atrações desse lugar
Onde o  céu geralmente é mais azul.
                     X
Quase 30 mil habitantes neste lugar
Beneficiados pelo progresso da vizinha
Desde que a ferrovia veio para cá
Há causos da velha ponte que faz essa linha
Iaçu-Itaberaba e Itaberaba-Iaçu
E o que temos de mais forte, será que você advinha?
                                         X
Abóbora, objetos artesanais e melancia
São produtos  da nossa praça
Mas a riqueza que fantasia
Que a coloca no pódio com garra e  raça
É a LITERATURA DESMONTADA que propagamos
 Onde a poesia é nossa graça.
                                                  XI
Amigos,  preciso agora encerrar
Se você quiser conhecer a nossa cultura
O Toque Poético* vai lhe mostrar
A cidade é forte na LITERATURA
Só falta  aquele americano de “Tendas dos Milagres” ...
Para Iaçu em “Paraty” se transformar.

                                  
                                                         Elisabeth Amorim

·       * referência ao blog  que divulga a literatura baiana não-canônica “toquepoetico.wordpress.com”


quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Dom de amar (mensagem)


Ouvi recentemente que não há pessoas sem dons, talentos.   Todos nós nascemos com  um  ou vários talentos especiais, a diferença é que uns trabalham para que eles sejam  bênçãos, enquanto outros preferem enterrá-los.  Será que usamos bem os nossos dons?
 Você trabalha para que o seu talento ou dom cresça e ajude outras pessoas ou o enterra  todos os dias nas areias do seu deserto?  Amigos, infelizmente há muitas pessoas que pregam a destruição, provocam o caos, desmatando as florestas, poluindo os rios, roubando os cofres públicos... O resultado?  Estamos vivendo num planeta cada dia mais doente. E esse cenário poderá mudar, sabe como?
A palavra do dia é AMOR. Ame-se! Só assim você será capaz de amar ao próximo. Sem amor o nosso planeta corre perigo. A nossa vida corre perigo. A nossa paz corre perigo. Ame-se, veja que pessoa linda habita no seu ser.  E essa pessoa com certeza tem vários dons presos precisando de uma brecha...  E  hora de transformar o desejo em ação.  Tome-me como exemplo, ganho o quê divulgando literatura?  Simplesmente leitores virtuais que nesse momento estão ativando um dom: Leitura. Outros compartilhando, outros elogiando, e ainda outros me achando que sou louca em divulgar meus textos sem “ganhar nada”... O nada para uns pode ser vida, superação e prazer para outros.  A moeda tem dois lados, mas nem sempre ganhamos a coroa. O amor é um sentimento que todos precisam conhecer.
Vamos fazer a diferença nesse mundo tão igual?  Num mundo onde prevalece para uns o ter e não o ser.  Você tem muito dinheiro? Amém, glória a Deus.  Você tem saúde? Amém, glória a Deus.  Você é feliz?!  Aliás, mudo a provocação, você consegue ser feliz com tanta gente doente ao seu lado? Com tanta corrupção, desvios de dinheiro público enquanto há pessoas que não tiveram hoje o pão?  Definitivamente, “we are the world or only  windows closed”.

Sem amor não passaremos disso, “janelas fechadas” para observarmos  a vida pelas frestas, enquanto enterramos os nossos dons. Podemos sim, fazer a diferença. Cada qual com a sua missão, faça da sua vida a sua história de vida, não deixe o papel em branco. Viva! Corra! Escreva! Pule! Namore! Pinte! Doe! Mas não deixe o seu talento no quarto escuro, pois  lá é deserto e naquele cantinho que você quase não alcança, esconde  uma  depressão. Espante-a e deixe o amor invadir o seu ser.
                                                                  
                                        

sábado, 1 de agosto de 2015

Você



Você,
 É como o Sol
Que ilumina uma noite escura
Ou uma lua que  se esconde no clarão do dia
Mas  lá no alto
Presente,
Resguardando para brilhar no momento certo.
Quando outras luzes se apagam
Você se mostra,
Aceso. Iluminado. Sedutor.

Você,
Que abraça meus pensamentos,
E transforma a agonia
De desvairado momento
Numa doce poesia.

Você,
Fiel como um anjo querubim
Meu  companheiro da árdua jornada
Amigo para qualquer parada
Lindo como uma flor do jardim.
Você.

 Você,
Que é fiel a mim.
Jogo-me ao vento pela sua atenção
Guardo com carinho, adivinha o quê?
A flecha que atingiu meu coração...
Você.


                                                        Elisabeth Amorim