segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

A lição de um pequeno príncipe (mensagem)



Às vezes lutamos para sermos compreendidos.  Queremos do outro os aplausos, o reconhecimento, a gratidão... Será que nessa busca desenfreada pelo olhar do outro sobre nós nos lembramos de  que precisamos também compreender? Será que a vida que construímos merece algum aplauso? E ainda mais uma questão crucial, somos gratos pelas vitórias conquistadas?
Já ouvi algumas pessoas falarem que a única coisa boa que tem no livro de  Antoine  de Saint – Exupéry, lançado desde 1943 e ainda hoje continua inspirando-nos e promovendo mais uma reflexão se resume nesta frase: “ tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.” De imediato, paro e penso, acho que não lemos o mesmo livro.
Pois pela minha lógica, talvez, desmontada, pois sou fã da literatura, não importa se é marginal ou clássica, leio não apenas com os olhos,  mas com o coração também. E todas as literaturas  lidas aprendo várias lições.  E nessa “única coisa boa” apontada,  eu vejo  bem além. Cativar é um dos verbos de ação mais difícil. Cativar é não é apenas olhar, mas enxergar o não visível. Tocar-se com a alegria ou a dor do outro.  Cativar é amar. É ser solidário com o outro. Compartilhar. Ser cúmplice numa boa ação.  Nós só nos responsabilizamos pelas pessoas que nós amamos. Apesar de Cristo ensinar a amar os inimigos,  acredito que não chegamos nesse estágio ainda. Quem sabe um dia?
Quando o pequenino fez o seu desenho e ninguém entendia,  não abraçava nem acertava a direção que ele queria chegar... é mais uma lição de vida. Quantos  rabiscos são incompreendidos aos olhos alheios, mas cativados pelos nossos amigos? Quantas ações que tomamos e quebramos a cara?  E quantas vezes  o abraço surge de onde se menos espera? De uma raposa qualquer tão carente de abraço quanto nós, humanos, racionais, inteligentes...
Talvez a minha defesa esteja equivocada pela minha relação com as letras, porém não consigo ficar indiferente diante do diálogo entre a flor e o pequeno príncipe. Um diálogo, talvez imperceptível para alguns leitores, mas para mim, poético e animador.  Por quê?
Porque na  vida  muitos buscam o reconhecimento, ser cativado,  todavia   se esquecem de cativar. Muitos querem a vitória sem no entanto passar pelas lutas, pela trajetória percorrida pelo vencedor. E que tal começar o dia, mês, ano pensando e agindo diferente?   Ah, sabe o que disse a pequena flor?
“ É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas.”
Lindo, não? Olhamos apenas para as borboletas, a suavidade do voo e não  refletimos o quanto foi difícil lançar-se no espaço. E quantos foram cativados ao longo do caminho, afinal, fica mais essa lição: “ amar não é olhar um para o outro, mas olhar juntos  na mesma direção”.
Essa é a minha forma de agradecer a parceria em 2015, por seguir-me sem às vezes saber a direção tomada, porém juntinhos estamos divulgando a literatura. Paz e um beijo em seu coração.

                                          Elisabeth Amorim





Um comentário:

  1. Verdade....tão triste vc ser olhada e ñ ser vista...linda a frase da pequena flor.....adorei.

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